Alexandre Maria Pinheiro Torres

Alexandre Pinheiro Torres
Nome completo Alexandre Maria Pinheiro Torres
Nascimento 27 de Dezembro 1921
Amarante, Portugal
Morte 3 de Agosto de 1999
Cardiff, Pais de Gales
Nacionalidade Portuguesa
Ocupação Professor, escritor, crítico literário e tradutor
Prémios Prémio da Associação Portuguesa de Escritores para estudos inéditos (1979)

Grande Prémio de Poesia APE/CTT (1982)

Magnum opus A nau de Quixibá : romance; Sou Toda Sua Meu Guapo Cavaleiro

Alexandre Maria Pinheiro Torres (Amarante, 27 de dezembro de 1921 – Cardiff, 3 de agosto de 1999)[1] foi um escritor, historiador de literatura, crítico literário português do movimento neo-realista.[2]

Biografia

Filho de João Maria Pinheiro Torres e de Margarida Francisca da Silva Pinheiro Torres, estudou na Universidade do Porto, onde se bacharelou em Ciências Físico-Químicas. [1]Mais tarde, na Universidade de Coimbra, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas.

Foi um dos fundadores da revista A Serpente.[1]

Enquanto residia em Coimbra, conviveu em com diversos poetas da sua época. Esse grupo de poetas tiveram parte das suas obras poéticas reunidas no Novo Cancioneiro.[1]

Entre 1951 e 1961 foi casado com a poeta Leonor de Almeida.[3]

Foi professor do ensino secundário até ao momento em que foi obrigado a exilar-se no Brasil. A partir de 1965 esse exílio foi continuado em Cardiff (País de Gales), onde foi professor na Faculdade de Cardiff.[2]

O exílio de Pinheiro Torres foi consequência de ter sido proibido de ensinar em Portugal, pelo regime salazarista. Essa proibição foi consequência de o escritor, quando convidado pela Sociedade Portuguesa de Escritores para fazer parte em 1965 do júri do Grande Prémio de Ficção, ter querido atribuir esse prémio à obra “Luuanda” de Luandino Vieira, que estava preso no Tarrafal em Cabo Verde pela prática de crimes políticos[1]. Com efeito, Alexandre Pinheiro Torres chegou a ser detido e interrogado no Aljube, na sequência destes acontecimentos.[2] Este exílio só seria quebrado quando regressava a Portugal em férias ou de passagem.

De acordo com Eunice Cabral, na recensão que fez ao romance «Vai Alta a Noite» em 1997 para o jornal Público, este momento terá marcado profundamente a obra de Pinheiro Torres, que terá passado a perfilhar abertamente uma posição crítica do Estado Novo e da sociedade portuguesa.[1] Em todo o caso, a autora Agustina Bessa-Luís, conterrânea e conhecida de Pinheiro Torres, concordando com a autora, fez a obtemperação de que noutras obras de ficção, particularmente no «Adeus às Virgens», aquele não deixou de transparecer um saudosismo ternurento pela terra-natal.[1]

Na Universidade de Cardiff em 1970, criou a disciplina “Literatura Africana de Expressão Portuguesa”. Foi a primeira universidade inglesa a ter essa disciplina. Em 1976 fundou um departamento designado por “Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros”.[1]

Ao longo da sua vida traduziu Hemingway e de D. H. Lawrence.

A Sociedade Portuguesa de Autores fez, em 27 de novembro de 1997, uma sessão solene de homenagem comemorando os 50 anos de vida literária do escritor.

Colaborações literárias

  • Colaborou em várias revistas como Seara Nova, Gazeta Musical e de Todas as Artes e Jornal de Letras, Artes e Ideias e ainda, no semanário Mundo Literário [4] (1946-1948).
  • Colaborou no Diário de Lisboa, escrevendo regularmente uma coluna sobre crítica.
  • A Revista Amarante Municipal, fez na sua segundo edição uma capa com uma aguarela de Pinheiro Torres, feita pela artista Júlia Pintão e no seu interior, um artigo com a colaboração de Agustina Bessa Luís, sobre a vida do escritor.
  • Apresentou diversos obras no auditório da Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim, onde se encontra parte do seu espólio.

Prémios

Obras

  • Científico-Cosmogónico-metafísico de Perseguição (1942) (ensaio)
  • Novo Génesis (1950) (poesia)
  • Quarteto para Instrumentos de Dor (1950) (poesia)
  • A Voz Recuperada (1953) (poesia)
  • O Mundo em Equação (1967) (ficção)
  • A Ilha do Desterro (1968) (poesia)
  • A Terra de Meu Pai (1972) (poesia)
  • Vida e Obra de José Gomes Ferreira (ensaios) (1975)
  • Vida e Obra de José Gomes Ferreira (1975) (ensaio)
  • O Neo-realismo Literário Português (1977) (ensaio)
  • A Nau de Quixibá (1977) (romance)
  • Os Romances de Alves Redol (1979) (ensaio)
  • O Ressentimento de um Ocidental (1981) (poesia)
  • A Flor Evaporada (1984) (poesia)
  • A Flor Evaporada (1984) (poesia)
  • Antologia da poesia brasileira do Padre Anchieta a João Cabral de Melo Neto (1984) (antologia)
  • Contos (1985) (romance)
  • Tubarões e Peixe Miúdo (1986) (ficção) (ISBN 972-21-0234-6)
  • Espingardas e Música Clássica (1987) (ficção) (ISBN 972-21-0235-4)
  • Antologia da Poesia Trovadoresca Galego-Portuguesa (1987) (antologia)
  • Ensaios Escolhidos I'(1989) (ensaio)
  • Ensaios Escolhidos II (1990) (ensaio)
  • O Adeus às Virgens (1992) (romance)
  • Sou Toda Sua, Meu Guapo Cavaleiro (1994) (ficção) (ISBN 972-21-0955-3)
  • A Quarta Invasão Francesa (1995) (romance)
  • Trocar de Século (1995) (poesia)
  • A Ilha do Desterro (1996) (poesia)
  • Vai Alta a Noite (1997) (romance)
  • O Meu Anjo Catarina (1998) (romance)
  • Amor, Só Amor, Tudo Amor (1999) (romance)
  • A Paleta de Cesário Verde' (2003) (ensaio)

Traduções

  • A Conquista do Everest, de Eric Shipton (1959)
  • A Capital do Mundo e Outras Histórias, de Ernest Hemingway (tradução conjunta de Virgínia Motta e Alexandre Pinheiro Torres (1959)
  • Um Gato à Chuva, de Ernest Hemingway (1960)
  • Viajando na Noruega, de Beth Hogg e Garry Hogg (1960)
  • Lendas do Mundo Antigo, de Nathaniel Hawthorne (1961)
  • A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson (1961)
  • A Vida Quotidiana na Babilónia e na Assíria, de Georges Coutenau (tradução conjunta de Leonor de Almeida e de Alexandre Pinheiro Torres (1961)
  • O Índio do Packard, de William Saroyan (1961)
  • O Raposo, de D. H. Lawrence (1962)
  • Viajando na Inglaterra, de Geoffrey Trease (1962)
  • O Mundo das Formas, de Henri Focillon (tradução conjunta de Maria José Lagos Trindade e Alexandre Pinheiro Torres (1962)
  • Viajando na Suíça, de Mariann Meier (1963)
  • História de Jenni; O Ouvido do Conde Chesterfield, de Voltaire (1964)
  • A Casa na Praia, de Daphne du Maurier (1973)
  • Contos, de Ernest Hemingway (tradução conjunta de Alexandre Pinheiro Torres e Fernanda Pinto Rodrigues (1975)
  • As Torrentes da Primavera, de Ernest Hemingway (tradução conjunta de Maria Luísa Osório e Alexandre Pinheiro Torres) (1975)
  • A Virgem e o Cigano, de D. H. Lawrence (1961)
  • Os Cavalos Também se Abatem, de Horace McCoy (1973)
  • História da Filosofia, de Julián Marias (1985)
  • O Mundo que Nós Perdemos, de Peter Laslett (1976)

Ver também

Bibliografia

  • Literatura Portuguesa no Mundo (dicionário Ilustrado) (ISBN 972-0-01-253-6).
  • O Grande Livro dos Portugueses (Círculo de Leitores – ISBN 972-42-0143-0).
  • Grande Enciclopédia Universal (publicada pelo jornal Diário da Manhã) (ISBN 972-747-931-6).

Referências

  1. a b c d e f g h «U.Porto - University of Porto Famous Alumni: Alexandre Pinheiro Torres». sigarra.up.pt. Consultado em 26 de novembro de 2021 
  2. a b c Leme, Carlos Câmara. «O "terrível" escritor». PÚBLICO. Consultado em 26 de novembro de 2021 
  3. «Visão | Leonor de Almeida: Uma poeta raptada ao esquecimento». Visão. 13 de outubro de 2020. Consultado em 4 de maio de 2024 
  4. Helena Roldão (27 de janeiro de 2014). «Ficha histórica: Mundo literário : semanário de crítica e informação literária, científica e artística (1946-1948).» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de Novembro de 2014 

Ligações externas

  • Página pública no “Facebook” (ler poemas, discussões, e mais!)
  • Biografia
  • Alexandre Pinheiro Torres ou A História Como Ficção Literária (em A Página de Educação)
  • Alexandre Pinheiro Torres, Antigo Estudante da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
Controle de autoridade
  • Wd: Q4720874
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