Arqueologia cristã

Arqueologia cristã é um ramo da arqueologia que estuda o Cristianismo dos seis primeiros séculos, através da recuperação, documentação e análise de traços materiais remanescentes da Antiguidade Tardia - na arquitetura, nos artefatos, assim como em restos biológicos e humanos - que possam elucidar questões relativas à origem do Cristianismo, à vida dos primeiros cristãos e suas relações com os não cristãos [1][2][3].

Os achados arqueológicos também são utilizados tanto para os estudos pertinentes à reconstrução da figura histórica de Jesus de Nazaré como para as investigações acerca da historicidade de Jesus. Nos sítios arqueológicos, são buscadas, por exemplo, informações que possam confirmar datas, circunstâncias e outros detalhes acerca de acontecimentos referidos no Novo Testamento.

O campo de arqueologia cristã divide-se em duas vertentes principais, tratadas principalmente nas faculdades de teologia. A primeira, adotada pela Universidade Humboldt de Berlim, refere-se aos edifícios sagrados e à arte cristã, desde o início do cristianismo, na Antiguidade Tardia, até o final da Idade Média. A segunda dedica-se à história Bizantina, até meados do século XV.

História

Giovanni Battista de Rossi

A arqueologia cristã começa a se constituir como uma disciplina no início da Renascença, a partir da busca de testemunhos da Antiguidade nas igrejas cristãs de Roma. Os primeiros estudos de tiveram como objeto as catacumbas cristãs e foram realizados por Pomponio Leto, a partir da fundação da Academia Romana dos Antiquários, no século XV, com objetivos relativamente pouco científicos.

Andrea Fulvio dedicou dois livros aos cemitérios cristãos nas Antiquitates Urbis de 1527, inspirando o frade agostiniano Onofrio Panvinio (1530-1568) [4] a escrever um pequeno tratado sobre as antiguidades cristãs.

O grafite profano de Alexamenos (século I/III), a mais antiga representação da Crucificação de Jesus.[5]

Em 31 de maio de 1578 é casualmente descoberto em Roma o Cemitério dos Giordani, e renasce o interesse pelo assunto. Ainda no século XVI, por iniciativa de Ciacconio, pseudônimo de Alonso Chacón, e de Filippo de Winghe, são copiadas todas as inscrições e pinturas dos monumentos. Em 1613 Pompeo Ugonio escreve uma Historia delle stationi di Roma che si celebrano la Quadragesima, com várias informações sobre as igrejas e sobre o estado dos monumentos da época. Os estudos sobre a antiguidade cristã se desenvolvem com a obra do cardeal e historiador eclesiástico Cesare Baronius (1538-1607),[6] em doze volumes, Annales ecclesiastici, e com Antonio Bosio (1575-1660), autor de Martyrologium Romanum ("Martirológio Romano") e Roma sotterranea ("Roma Subterrânea") [7]. Bosio é considerado "o pai da Arqueologia Cristã" [8].

Mas a primeira renovação ocorre de fato com o padre Giuseppe Marchi (1795-1860) [9] e o seu Monumenti delle arti cristiane primitive, que introduz novos critérios, cientificamente rigorosos. Marchi foi o mestre de Giovanni Battista de Rossi (1822-1894), grande arqueólogo cristão que escreveu Roma sotterranea cristiana ("Roma subterânea cristã") [10] entre 1864 e 1877, as Inscriptiones christianes urbis Romae VII saeculo antiquiores ("Inscrições cristãs da cidade de Roma anteriores ao sétimo século"), em 1861, e criando o Bullettino di Archeologia Cristiana a partir de 1863. Também no século XIX destaca-se Joseph Wilpert, por suas publicações de pinturas e mosaicos.

Já no século XX, o jesuíta italiano Antonio Ferrua aparece como um notável estudioso desta área. A pedido do Papa Pio XII, Ferrua coordenou as escavações no local em que supostamente se encontraria o túmulo de São Pedro.

Referências

  1. «Sítio de Arqueologia Cristã da Universidade de Heidelberg (em alemão)». Consultado em 15 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 11 de março de 2010 
  2. Sítio de Arqueologia Cristã da Universidade de Göttingen (em alemão)
  3. «Sítio do Instituto Pontifício de Arquelogia Cristã (em italiano)». Consultado em 15 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 8 de junho de 2010 
  4. Enciclopéida Católica. Onofrio Panvinio.
  5. VILADESAU, Richard. The Word in and Out of Season p.46. Paulist Press, 1992. ISBN 0809136260
  6. Enciclopédia Católica Venerable Cesare Baronius
  7. Enciclopédia Católica. Antonio Bosio.
  8. Enciclopédia Católica. Christian Archaeology.
  9. Enciclopédia Católica Giuseppe Marchi
  10. Roma sotterranea cristiana. Informações sobre as catacumbas romanas especialmente do Cemitério de São Calisto. Compilação dos trabalhos de Giovanni de Rossi por J. SPENCER NORTHCOTE e W. R. BROWNLOW. Londres: LONGMANS, GREEN, READER, AND DYER, 1869 (em inglês)

Bibliografia

  • Dictionnaire d'archéologie chrétienne et de liturgie, Paris, Letouzey et Ané 1907-1951.
  • TESTINI, P. Archeologia cristiana. Nozioni generali dalle origini alla fine del sec. VI. Bari: Edipuglia, 1980.
  • DEICHMANN, F.W. Archeologia cristiana. Roma, 1993.
  • BRANDENBURG, H.“Archeologia cristiana”, in A. Di BERARDINO (org.), Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane. Torino, 2006.
  • PICCIRILLO, M.
    • L’Arabia Cristiana. Dalla provincia imperiale al primo periodo islamico. Milano 2002.
    • Palestina Cristiana, Bologna 2008.

Ver também

Ligações externas

  • Trece clases sobre Arqueología Cristiana, por José Antonio Iñiguez, Doutor em Arquitetura e em Direito Canônico, autor de Arquología cristiana, publicado por EUNSA Ediciones Universidad de Navarra 2000. Vídeo (em castelhano).
  • Arqueologia Cristã.
  • Site do Pontifício Instituto de Arqueologia Cristã. (em italiano)
  • Mensagem do Santo Padre por ocasião do 75° aniversário de fundação do Pontifício Instituto de Arqueologia Cristã. 11 de Dezembro de 2000.
  • Discurso do Papa Bento XVI ao Pontifício Instituto de Arqueologia Cristã. 20 de Dezembro de 2008
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