Marcelino Antônio Dutra

Marcelino Antônio Dutra
M.A.D.
Marcelino Antônio Dutra
Deputado provincial à Assembleia Legislativa de Santa Catarina
Período (5ª legislatura) 1844
a 1845
Período (6ª legislatura) 1846
a 1847
Período (9ª legislatura) 1852
a (14ª legislatura) 1863
Período (16ª legislatura) 1866
a 1867
Dados pessoais
Nascimento 19 de junho de 1809
Desterro,
Santa Catarina,
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves
Morte 13 de julho de 1869 (60 anos)
Desterro,
Santa Catarina,
Império do Brasil
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Joaquina Maria da Conceição
Pai: Manoel Garcia Dutra
Esposa Florinda Cândida de Freitas
Filhos(as) Ovídio Antônio Dutra, Marcelino Antônio Dutra Filho, Juvêncio Reis Dutra e Antero dos Reis Dutra
Partido Partido Liberal
Profissão professor, promotor público, jornalista e poeta

Marcelino Antônio Dutra (Desterro, atual Florianópolis, 19 de junho de 1809 — Desterro, 13 de julho de 1869) foi um professor, promotor público, poeta, jornalista polemista e político brasileiro, pai do também poeta Antero dos Reis Dutra.

É considerado o primeiro escritor catarinense.[1]

Biografia

Era filho do Alferes Manoel Garcia Dutra e de Joaquina Maria da Conceição. Seus avós paternos foram Manoel Dutra Fialho, natural da Ilha do Pico (Açores), freguesia de São Mateus, e Joana Maria de Freitas, natural da freguesia de São Vicente, Ilha da Madeira. Os avós maternos eram Francisco Antônio Correia e Francisca Rosa Joaquina, ambos naturais do município da Horta, Ilha do Faial, Açores - ele da freguesia da Feteira, e ela da "freguesia de Nossa Senhora do Rosário".[2][3]

Sua avó paterna, Joana Maria de Freitas, estava entre os migrantes da "primeira lista" - aqueles que partiram da Ilha da Madeira para povoar a Ilha de Santa Catarina, na segunda metade do século XVIII. Era filha de António dos Santos Vicente, oficial de carpinteiro, serrador e lavrador, e de sua esposa, Maria de Freitas. O casal e seus filhos Antônio, Francisco, Joana, Antônia, Vicência vieram como agregados da família do capitão Henrique César Berenguer de Bettencourt (ou Henrique Cesar de Berenger e Bitencourt).[4][5][6][7]

Casou-se com Florinda Cândida de Freitas a 16 de agosto de 1840, após dedicar-lhe versos apaixonados. Com ela, teve dois filhos - Ovídio Antônio Dutra (1843 – 1877), funcionário público e político e Marcelino Antônio Dutra Filho. Marcelino teve também dois filhos fora do casamento: Juvêncio e Antônio Reis Dutra (1835 – 1911), ambos poetas.

Autodidata, em 1832, Marcelino Antônio Dutra era mestre-escola em sua freguesia. Filiado ao Partido Liberal, antes denominado "Partido Judeu"[8] chefiado então por Jerônimo Coelho, Dutra foi deputado provincial de 1844 a 1867, tendo sido presidente da Assembléia Provincial, em 1857 e de 1861 a 1862. A partir de 1852, foi também promotor público até 1868.

Jornalista, publicou seus poemas até mesmo no Rio de Janeiro. Satírico, notabilizou-se pelos versos denominados Assembléia das Aves,[9] relacionados à campanha política de 1847, nos quais ridicularizava os políticos do Partido Conservador, que no Desterro era apelidado "Partido Cristão" e representava a burguesia comercial local e os clérigos, sendo seu líder Arcipreste Paiva.[10]

Igreja do Ribeirão da Ilha, em Florianópolis. Terra de Marcelino Antônio Dutra.

Figura pitoresca, Dutra costumava chegar de canoa ao trapiche que dava acesso ao mercado público municipal, trazendo hortaliças diversas do Ribeirão da Ilha. Ali descarregava a canoa e, "com aquele ar de matuto que nunca perdeu, rumava para a Assembléia, onde se tornava, de repente, ardoroso combatente". Os adversários o apelidaram "Poeta do Brejo". Foram famosas as suas polêmicas com o Arcipreste Paiva e as suas poesias satíricas publicadas nos jornais da cidade. Usou diversos pseudônimos, como Inhato-Mirim, Gil Fabiano, Poeta do Brejo (ou P. do B.) além da sigla M.A.D.[3]

Foi administrador do primeiro cemitério público de Florianópolis, situado na cabeceira da Ponte Hercílio Luz, ao lado do primeiro cemitério alemão, e criou vários epitáfios, dentre eles o seu:

Aqui jaz
Marcelino Antônio Dutra
Que mil e poucos registrou
E que, no final
Também entrou

Todavia não foi enterrado lá, mas no seu distrito natal, Ribeirão da Ilha.[11]

Obra

  • Assembleia das aves - Poemeto em quatro cantos[12]

Representação na cultura

Marcelino Antônio Dutra é patrono da cadeira 34 da Academia Catarinense de Letras.

Referências

  1. «Biblioteca da Assembleia Legislativa recebe o nome de Deputado Marcelino Antônio Dutra». Jusbrasil 
  2. Tata-se, na verdade, da freguesia de Cedros (Horta), incorretamente referida, em documentos civis do século XVIII, como "freguesia de Nossa Senhora do Rosário". Ver Nossa senhora do Rosário - uma "freguesia" da Ilha de Faial, nos Açores. Por Décio Martins de Medeiros.
  3. a b «Biografia de Marcelino Antônio Dutra». Biblioteca da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina 
  4. Um fidalgo madeirense empobrecido pede transporte para o Brasil, por Alberto Artur Sarmento (1945). Funchal: CEHA - Centro de Estudos de História do Atlântico Alberto Vieira.
  5. SANTOS, Maria Licínia Fernandes dos. Os Madeirenses na Colonização do Brasil. Funchal: Centro de Estudos de História do Atlântico. Secretaria Regional do Turismo e Cultura, 1999. Capítulo Terceiro. "O recrutamento de casais madeirenses para o Brasil no século XVIII", p. 73. ISBN 9728263198
  6. Notas sobre a construção de uma "identidade açoriana" na colonização do sul do Brasil ao século XVIII, por Martha Daisson Hameister. Anos 90, Porto Alegre, v. 12, n. 21/22, p.53-101, jan./dez. 2005 p.69s.
  7. Revista do Arquivo Público Mineiro. Referência à carta patente de capitão, outorgada a Henrique César Berenguer em 6 de março de 1752. Vila de São José, Santa Catarina.
  8. Segundo Jacques Schweidson, em Saga Judaica na Ilha do Desterro, um grande número de cristãos-novos veio parar na Ilha de Santa Catarina (Desterro). No grupo de migrantes açorianos que colonizou a ilha, misturavam-se fervorosos católicos e muitos descendentes de judeus forçados à assimilação. Na história do Estado de Santa Catarina, é bastante conhecido o renhido combate travado entre judeus e cristãos, na esfera política. Havia, desde a década de 1830, dois partidos, um deles representativo da corrente dita liberal (o "Partido Judeu" ou Liberal, que evoluiu para o Partido Republicano), e o outro, representativo da corrente conservadora (Partido Cristão). Ver Judeus na Ilha de Santa Catarina - Brasil e a ação dos jesuítas. por Izidoro Azevedo dos Santos.
  9. DUTRA, Marcelino Antônio Assembleia das Aves e outros poemas, 1847. Reeditado em 2006 por Lauro Junkes.
  10. Santa Catarina Província
  11. Situações curiosas da Ilha a partir do início do século XX.
  12. «Assembleia das aves, de Marcelino Antônio Dutra». www.literaturabrasileira.ufsc.br. Consultado em 21 de abril de 2018 

Bibliografia

  • DUTRA, M. A. ; JUNKES, L. (Org.) . Assembléia das Aves e Outros Poemas, de Marcelino Antônio Dutra. 1. ed. Florianópolis: Nova Letra/Academia Catarinense de Letras/Associação Catarinense de Imprensa, 2006. v. 1. 124 p.
  • SOARES, I. Marcelino Antônio Dutra. - Um Aspecto formativo da Literatura Catarinense. Porto Alegre: Ed. Sulina, 1970.

Precedido por
ACL - patrono da cadeira 34
Sucedido por
Ogê Mannebach
(fundador)


  • v
  • d
  • e
Império

Manuel Paranhos da Silva Veloso Miguel de Sousa Melo e Alvim Manuel Paranhos da Silva Veloso Miguel de Sousa Melo e Alvim Jerônimo Coelho Tomás Silveira de Sousa Severo Amorim do Vale José Pereira Sarmento João Francisco de Sousa Coutinho Joaquim Gomes de Oliveira e Paiva Marcelino Antônio Dutra • Francisco José de Oliveira Pais • Marcelino Antônio Dutra • Tomás Silveira de Sousa Francisco José de Oliveira Pais • Tomás Silveira de Sousa Francisco José de Oliveira Pais • Joaquim Gomes de Oliveira e Paiva Afonso de Albuquerque e Melo Manuel do Nascimento da Fonseca Galvão Luís Ferreira do Nascimento Melo Martinho Domiense Pinto Braga Manuel José de Oliveira Olímpio Adolfo de Sousa Pitanga Antônio Luís Ferreira de Melo Fernando Hackradt Júnior Antônio Pereira da Silva e Oliveira Abdon Batista

Bandeira de Santa Catarina
República

Francisco Tolentino Vieira de Sousa Eliseu Guilherme da Silva Joaquim Elói de Medeiros Luís Antônio Ferreira Gualberto António Pinto da Costa Carneiro Antônio Pereira da Silva e Oliveira Gustavo Lebon Régis João Pinho Dorval Melquíades de Sousa João Pinho Antônio Vicente Bulcão Viana Altamiro Guimarães José Boabaid Volney Collaço de Oliveira Protógenes Vieira Volney Collaço de Oliveira Osvaldo Rodrigues Cabral Brás Joaquim Alves Paulo Konder Bornhausen Rui Hülse José de Miranda Ramos Brás Joaquim Alves João Estivalet Pires Ivo Silveira Lecian Slovinski Elgydio Lunardi Pedro Paulo Colin Nelson Pedrini Zany Gonzaga Epitácio Bittencourt Waldomiro Colautti Moacir Bértoli Epitácio Bittencourt Júlio César • Stélio Boabaid Juarez Rogério Furtado Heitor Sché Otávio Gilson dos Santos Ivan Ranzolin Pedro Bittencourt Neto Francisco Küster Neodi Saretta Gilmar Knaesel Onofre Santo Agostini Volnei Morastoni Júlio Cesar Garcia Jorginho Mello Gelson Merisio Joares Ponticelli Gelson Merisio Romildo Titon Silvio Dreveck Aldo Schneider Silvio Dreveck Júlio Cesar Garcia Mauro de Nadal Moacir Sopelsa Mauro de Nadal

  • v
  • d
  • e
Cadeiras 1 a 10

1: (Álvaro de Carvalho): Clementino Fausto Barcelos de Brito Arnaldo Silveira Brandão Edy Leopoldo Tremel
2: (Antero dos Reis Dutra): Laércio Caldeira de Andrada Silveira Júnior Urda Alice Klueger
3: (Carlos de Faria): Alfredo Filipe da Luz Paulo Lago Moacir Pereira
4: (Cláudio Luís da Costa): Luís Antônio Ferreira Gualberto Carlos da Costa Pereira José Ferreira da Silva • João Alfredo Medeiros Vieira
5: (Crispim Mira): Leopoldo de Dinis Martins Júnior Teobaldo Costa Jamundá Francisco José Pereira Deonísio da Silva
6: (Duarte Mendes de Sampaio): João Nepomuceno Manfredo Leite Paulo Gonçalves Weber Vieira da Rosa Hugo Mund Júnior
7: (Duarte Paranhos Schutel): Juvêncio de Araújo Figueiredo Francisco de Oliveira e Silva Raulino Reitz Leatrice Moellmann Kátia Rebello
8: (Eduardo Duarte Silva): Marcos Konder Vítor Konder Carlos Gomes de Oliveira Polidoro Ernani de São Tiago Sílvio Coelho dos Santos Mário Pereira • Apolinário Ternes
9: (Feliciano Nunes Pires): Anfilóquio de Carvalho Gonçalves Ivens Bastos de Araújo Martinho José Calado Júnior João Nicolau Carvalho vaga
10: (Francisco Antônio Castorino de Farias): Delminda Silveira Castorina Lobo de São Tiago Júlio de Queiroz Godofredo de Oliveira Neto

Brasão da ACL
Cadeira 11 a 20

11: (Francisco Carlos da Luz): Edmundo da Luz Pinto Henrique Stodieck Glauco Rodrigues Correia Hoyêdo de Gouvêa Lins • Olsen Júnior
12: (Francisco Pedro da Cunha): Heitor Pinto da Luz e Silva Holdemar Menezes 13: (Francisco Tolentino): Tito Carvalho José Artulino Besen
14: (Gustavo de Lacerda): Silveira Lenzi José Isaac Pilati
15: (Cruz e Sousa): Othon da Gama Lobo d'Eça Celestino Sachet
16: (João Justino Proença): Horácio Serapião de Carvalho Alcides Abreu Laerte Tavares
17: (Jerônimo Coelho): José Arthur Boiteux Osvaldo Rodrigues Cabral Carlos Humberto Pederneiras Corrêa Gilberto Gerlach Vaga
18: (João Silveira de Sousa): Henrique Fontes José Curi
19: (Joaquim Antônio de São Tiago): Arnaldo Claro São Tiago Arthur Pereira e Oliveira 20: (Joaquim Augusto do Livramento): Fúlvio Aducci Custódio Francisco de Campos Vítor Antônio Peluso Júnior Osvaldo Ferreira de Melo

Cadeira 21 a 30

21: (Joaquim Gomes de Oliveira e Paiva): Joe Collaço Evaldo Pauli 22: (Jonas de Oliveira Ramos): Nereu Ramos Joaquim Domingues de Oliveira Luís Gallotti Konder Reis 23: (José Cândido de Lacerda Coutinho): Altino Corsino da Silva Flores Flávio José Cardozo
24: (José Johanny) Francisco Barreiros Filho Liberato Manuel Pinheiro Neto
25: (Juvêncio Martins Costa): Amaro Seixas Ribeiro Neto Paschoal Apóstolo Pítsica Jair Francisco Hamms Carlos Ronald Schmidt 26: (Lauro Müller): Adolfo Konder Sylvia Amelia Carneiro da Cunha Lélia Pereira da Silva Nunes
27: (Luís Delfino): João Batista Crespo Pedro Bertolino
28: (Lídio Martins Barbosa): Osvaldo Melo Péricles Prade
29: (Liberato Bittencourt): Edmundo Acácio Soares Moreira Napoleão Xavier do Amarante
30: (Manuel Joaquim de Almeida Coelho): Lucas Alexandre Boiteux Jaldyr Bhering Faustino da Silva Jali Meirinho

Cadeiras 31 a 40

31: (Manuel José de Sousa França): Henrique Boiteux Walter Piazza João José Leal
32: (Manuel dos Santos Lostada): Gustavo Neves Lauro Junkes 33: (Manuel da Silva Mafra): Gil Costa Renato de Medeiros Barbosa Silveira de Souza vaga
34: (Marcelino Antônio Dutra): Ogê Mannebach • Osvaldo Della Giustina
35: (Martinho José Calado e Silva): Haroldo Genésio Calado Lídio Martinho Calado Rodrigo de Haro vaga
36: (Oscar Rosas): José dos Santos de Dinis Martins Iaponan Soares 37: (Polidoro Olavo de São Tiago): Ivo d'Aquino Licurgo Costa Artemio Zanon
38: (Roberto Trompowski): Maura de Senna Pereira Salomão Ribas Júnior
39: (Sebastião Catão Calado): Carlos José da Mota de Azevedo Correia Almiro Caldeira de Andrada Gilberto Callado de Oliveira
40: (Virgílio Várzea): Nereu Correia Norberto Ungaretti

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