Reconhecimento celular

Reconhecimento celular, reconhecimento intercelular ou histocompatibilidade celular é o processo pelo qual as moléculas de carboidrato constituem a base química para o reconhecimento mútuo entre as células. Desses açúcares se valem igualmente as bacterias, para identificar sua célula hospedeira, as células do sistema imunológico, para distinguir o tecido doente. O carbohidratos também dirigem a organização dos embriões.

Também o reconhecimento celular se dá entre os ácidos graxos entre as células sanguíneas.

Descobrimento

Em 1952, Aaron Moscona, da Universidade de Chicago, separou as células de um embrião de galinha ao incubá-las em uma solução enzimática e agitá-las suavemente. Mas observou que não permaneciam separadas, senão que voltavam a reunir-se em um novo agregado.[1][2][3]

Moscona observou também que, quando as células retinianas e hepáticas convergiam assim, as retinianas emigravam até o interior da massa celular.[4][2][3]

Três anos depois later Philip L. Townes e Johannes Holtfreter da Universidade de Rochester realizaram um experimento similar com células de embrião de anfíbio, as quais reorganizaram-se em camadas de tecidos como aqueles das quais haviam se originado.[3]

Estas experiências e inúmeras observações demonstram a habilidade precisa das células de reconhecerem-se umas as outras e apresentarem respostas a tais estímulos. O esperma, por exemplo, pode distinguir ovos de suas própria espécie daqueles de outras, e ligar-se-ão somente com o adequado. Algumas bactérias estabelecem-se preferencial no aparelho intestinal ou urinário; outras possuem preferência por outros órgãos.[3]

Reconhecimento celular, sexualidade e evolução

Os processos do surgimento da reprodução sexuada foi um dos impulsos fundamentais à evolução dos seres vivos. Tanto nos organismos unicelulares quanto multicelulares, a sexualidade, por permitir a troca de material genético, tounou-se uma das maiores forças condutoras do processo evolutivo. Simultaneamente, a sexualidade requer estruturas de superfície para o reconhecimento e acoplamento específico das células dos dois tipos de gametas. Alberto Monroy recentemente sugeriu que o sistema de reconhecimento intercelular é filogeneticamente relacionado ao aparecimento da sexualidade.[5]. Conexão filogenética entre a sexualidade e o reconhecimento celular tem sido sugerido por Bennet et al.[6]. Trabalho de Alberto Monroy e Floriana Rosati corobora esta idéia[7].

O reconhecimento celular, seus mecanismos e a ação de agentes que o promovam é uma questão fundamental no cultivo de células, processo de muitas aplicaçõs em pesquisa em biologia e áreas relacionadas, assim como na medicina, em campos como as aplicações das células tronco.[8]

Referências

  1. Moscona, A. A. Proc. natn. Acad. Sci. U.S.A. 43, 184–194 (1957).
  2. a b Monroy, A. & Moscona, A. A. Introductory Concepts in Developmental Biology (University of Chicago Press, in the press).
  3. a b c d Nathan Sharon and Halina Lis; Carbohydrates in Cell Recognition; January 1993; Scientific American Magazine; Scientific American Magazine; January 1993 - www.sciamdigital.com (em inglês)
  4. Moscona, A. A. & Moscana, M. Devl. Biol. 11, 402–423 (1965).
  5. Monroy, A. Biol. Cell. 32, 165–166 (1978).
  6. Bennett, D., Boyse, E. A. & Old, L. J. in 3rd Lepetit Colloquium, 241–263
  7. ALBERTO MONROY & FLORIANA ROSATI; The evolution of the cell−cell recognition system; Nature 278, 165 - 166 (08 March 1979); doi:10.1038/278165a0 - www.nature.com (em inglês)
  8. H. B. FELL; TISSUE CULTURE AND ITS CONTRIBUTION TO BIOLOGY AND MEDICINE jeb.biologists.org (em inglês)
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