Yolanda Costa e Silva

Yolanda Costa e Silva
Yolanda Costa e Silva
28.ª Primeira-dama do Brasil
Período 15 de março de 1967
até 31 de agosto de 1969
Presidente Artur da Costa e Silva
Antecessor(a) Antonietta Castello Branco
Sucessor(a) Scylla Médici
Dados pessoais
Nome completo Yolanda Barboza da Costa e Silva
Nascimento 30 de outubro de 1907
Curitiba, Paraná
Morte 28 de julho de 1991 (83 anos)
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Progenitores Mãe: Arminda Craveiro Ramos
Pai: Severo Correia Barboza
Cônjuge Artur da Costa e Silva (c. 1925; v. 1969)
Filhos(as) Álcio (n. 1926)
Religião Espiritismo

Yolanda Barboza da Costa e Silva (Curitiba, 30 de outubro de 1907Rio de Janeiro, 28 de julho de 1991) foi a esposa do 27.º presidente do Brasil, Artur da Costa e Silva, e a primeira-dama do país de 1967 a 1969.[1]

Biografia

Yolanda Costa e Silva, em 1966.

Yolanda Ramos Barboza nasceu numa família tradicionalmente militar. Natural de Curitiba, Paraná, primogênita de Arminda Craveiro Ramos (1888–1961) e de Severo Correia Barboza (1884–1973),[2] então segundo-tenente e que seria reformado no posto de general. Pelo lado materno, era neta de Julieta Craveiro Ramos e do marechal Lino de Oliveira Ramos. Pelo paterno, do marechal Alfredo Barboza e de Hermínia Correia Barboza.

Do casamento de Arminda e Severo nasceram mais quatro filhas: Edmê Ramos Barbosa (1909–1910), Iara Ramos Barbosa (1911–1988), esposa do professor Jair Almeida de Azeredo Rodrigues,[3] Ivone Ramos Barbosa (1913–falecida), esposa de Sílvio Macedo de Moura,[4] e Ieda Ramos Barbosa (1914–1985), esta última, funcionária pública. Arminda faleceu em 1 de setembro de 1961[5]. Severo casou-se uma segunda vez com Jurema Correia Salgado (1916–1999), filha do general José Ricardo de Abreu Salgado. Desta nova união, nasceu mais uma filha: a professora Hermínia Teresinha Salgado Barboza (1951).[6]

Em 1920, conheceu o futuro marido quando este ainda era cadete, no Rio de Janeiro. Ficou noiva aos catorze anos e casou-se em 22 de setembro de 1925, em Juiz de Fora, Minas Gerais.[7] No ano seguinte, nasceu seu único filho, Alcio Barboza da Costa e Silva, coronel reformado do Exército.

Primeira-dama do Brasil

Yolanda tornou-se primeira-dama do Brasil em 15 de março de 1967, após a posse de seu marido Artur da Costa e Silva como Presidente da República. Hospedada na Residência Oficial da Granja do Torto, em Brasília, saiu para cerimônia acompanhada da nora Lina Costa e Silva. Três batedores (um da Aeronáutica e dois do Exército) a escoltaram até o Congresso Nacional. A primeira-dama trajava um vestido de xantungue de seda pura verde, com forro e dobra azul petróleo, da mesma cor dos sapatos e do chapéu, em forma de turbante. Antes de assumir as funções de primeira-dama do país, já tinha em sua vida feitos na assistência social, à época que seu marido comandava tropas militares.[8]

Mesmo com a assinatura do AI-5 em 1968, Yolanda continuou descrevendo seu marido como "uma pessoa mole, de coração enorme".

Em 24 de maio de 1967, recebeu o então Príncipe Herdeiro do Japão, Akihito e sua esposa Michiko.[9]

Carismática, recebeu a rainha Elizabeth II e o príncipe Filipe, Duque de Edimburgo em novembro de 1968, e foi elogiada por sua conduta durante uma recepção ao casal real.[10][11]

No ano de 1969, recepcionou o Presidente e a Primeira-dama do Uruguai, Jorge Pacheco Areco e María Angélica Klein.[12][13]

Religiosa, Yolanda apoiou com entusiasmo a campanha de setores tradicionalistas contra a suposta infiltração comunista nos meios católicos. Apreciadora de moda, promoveu desfiles no palácio do governo; em um deles participou um jovem modelo chamado Fernando Collor de Mello.[14] Promovia também festas e longas rodadas de pôquer no Palácio da Alvorada.[15]

Atribui-se a ela a indicação de Paulo Maluf à presidência da Caixa Econômica Federal (CEF).[16] Além disso, segundo as más línguas, ela teria ajudado Maluf a chegar à prefeitura de São Paulo após receber um presente deste, um colar de diamantes.[17]

Diz-se que as tropas do Exército não gostavam de Yolanda porque ela tinha a mania de contar tudo o que acontecia no Palácio para o colunista social Ibrahim Sued.[18]

Viagens oficiais

Estados Unidos

Yolanda acompanhou o marido em viagem oficial aos Estados Unidos antes da posse em janeiro de 1967, onde foram recebidos pelo Presidente Lyndon B. Johnson e pela primeira-dama Lady Bird Johnson, de quem recebeu de presente uma caixa de chá datada de 1780, além de livros sobre arte.[8]

Japão

Em visita oficial ao Japão entre 16 e 19 de janeiro de 1967,[19] a Imperatriz Kōjun do Japão presenteou-a com dez metros de seda durante a estadia dos Costa e Silva no país asiático, por ter tido uma conversa agradável com Yolanda sobre família e lar.

Estilo

Ao se tornar primeira-dama, Yolanda tinha alguns estilistas responsáveis por seu guarda-roupa, entre eles e a mais famosa estava Zuzu Angel. Em uma das cartas enviadas a estilista mineira, Yolanda a enalteceu:[20]

Zuzu, Junto envio-te a importância devida como és uma costureira internacionalmente conhecida, que não precisas de ninguém conforme palavras tuas em carta a Mª Helena (minha secretária) terás sempre muito sucesso, e isto é o que desejo.

A elegância de Yolanda não era unanimidade entre os críticos da moda. O estilista Clodovil Hernandes, que dava conselhos de moda na Rádio Panamericana, foi demitido ao criticar uma peça de roupa usada pela primeira-dama em 1968.[21]

Últimos anos

Educada como católica, Yolanda da Costa e Silva converteu-se ao espiritismo. Em sua residência em Copacabana, recebia visitas como Ângela Leal, Agnaldo Rayol e Roberta Close.[22]

Faleceu em 28 de julho de 1991, aos oitenta e três anos de idade, no Rio de Janeiro.

Livro de memórias

  • A Verdade, Somente a Verdade.

Ver também

Referências

  1. Globo, Acervo-Jornal O. «Iolanda Costa e Silva, a primeira-dama na ditadura que virou notícia na Lava-Jato». Acervo. Consultado em 8 de janeiro de 2023 
  2. A Notícia. Curitiba, Paraná, 9 de novembro de 1907, p. 2
  3. Diário de Notícias. Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 1933, p. 8
  4. Gazeta de Notícias. Rio de Janeiro, 17 de setembro de 1936
  5. Diário de Notícias. Rio de Janeiro, 6 de setembro de 1961
  6. Vultos fluminenses. A Luta Democrática. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 1967, p. 14
  7. O País. Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1925, p. 7
  8. a b http://memoria.bn.br/pdf/030015/per030015_1967_A00062.pdf
  9. «Eu Amo Ipatinga». euamoipatinga.com.br. Consultado em 25 de julho de 2019 
  10. «1968: o ano em que a rainha Elizabeth II visitou o Brasil!». Rainhas Trágicas. 16 de junho de 2013. Consultado em 25 de julho de 2019 
  11. Redação (2 de abril de 2012). «Memórias da Redação - A rainha, Pelé, Havelange e o coro no Maracanã». Portal dos Jornalistas. Consultado em 25 de julho de 2019 
  12. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Visita do Presidente da República do Uruguai, Jorge Pacheco Areco, ao Brasil». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 25 de julho de 2019 
  13. «:::[ DocPro ]:::». memoria.bn.br. Consultado em 25 de julho de 2019 
  14. Revista Veja. "O papel das mulheres". Outubro de 1998
  15. Brasília Em Dia. "Saindo da sombra"
  16. «"Jornal Opção". "Primeiras-damas"». Consultado em 17 de janeiro de 2009. Arquivado do original em 1 de setembro de 2009 
  17. Associação Brasileira de Imprensa. "Um personagem de romance". Abril de 2004
  18. Revista Veja. "Retrato fiel de uma vida". Janeiro de 2000
  19. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Visita oficial do presidente Costa e Silva ao Japão». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 25 de julho de 2019 
  20. «[Cartão de D. Yolanda Costa e Silva encaminhado à Zuzu Angel]». casazuzu.azurewebsites.net. Consultado em 31 de julho de 2019 
  21. «ISTOÉ Gente». www.terra.com.br. Consultado em 31 de julho de 2019 
  22. Memorial Biografias. Yolanda Costa e Silva

Ligações externas

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Precedido por
Antonietta Castello Branco
28.ª Primeira-dama do Brasil
19671969
Sucedido por
Scylla Médici
  • v
  • d
  • e
  1. Mariana da Fonseca (1889–91)
  2. Josina Peixoto (1891–94)
  3. Adelaide de Morais (1894–98)
  4. Anna Campos Salles (1898–1902)
  5. Catita e Marieta Alves (1902–06)
  6. Guilhermina Penna (1906–09)
  7. Anita Peçanha (1909–10)
  8. Orsina da Fonseca (1910–12)
  9. Nair de Teffé (1913–14)
  10. Maria Pereira Gomes (1914–18)
  11. Francisca Ribeiro (1918–19)
  12. Mary Pessoa (1919–22)
  13. Clélia Bernardes (1922–26)
  14. Sophia Pereira de Sousa (1926–30)
  15. Darcy Vargas (1930–45)
  16. Luzia Linhares (1945–46)
  17. Carmela Dutra (1946–47)
  18. Darcy Vargas (1951–54)
  19. Jandira Café (1954–55)
  20. Graciema da Luz (1955)
  21. Beatriz Ramos (1955–56)
  22. Sarah Kubitschek (1956–61)
  23. Eloá Quadros (1961)
  24. Sylvia Mazzilli (1961)
  25. Maria Thereza Goulart (1961–64)
  26. Sylvia Mazzilli (1964)
  27. Antonietta Castello Branco (1964–67)
  28. Yolanda Costa e Silva (1967–69)
  29. Scylla Médici (1969–74)
  30. Lucy Geisel (1974–79)
  31. Dulce Figueiredo (1979–85)
  32. Marly Sarney (1985–90)
  33. Rosane Collor (1990–92)
  34. Ruth Cardoso (1995–2003)
  35. Marisa Letícia Lula da Silva (2003–11)
  36. Marcela Temer (2016–19)
  37. Michelle Bolsonaro (2019–23)
  38. Rosângela Lula da Silva (2023–presente)
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